terça-feira, 30 de julho de 2013

CULTURA- Feiras Livres

Será que existe lugar mais democrático que a Feira?
É uma maravilha chegar logo cedinho enquanto os feirantes ainda estão organizando suas barracas e se deparar com aquela  explosão de cores, de cheiros e sabores.

Feira livre tem cheiro de cultura. É o tabuleiro forrado com folhas de bananeiras e coberto com panos de pratos branquinhos, branquinhos, contendo  o mingau de tapioca, o bolo de carimã, o lelê, o beiju , a pamonha de milho... É o amolador de tesouras que me  faz lembrar o tempo de criança, é o lugar de gente simples e sábia como o vendedor de literatura de cordel, que enquanto vende seus livretos pendurados na corda, aproveita e vai contando causos e atraindo pessoas que param para ouvir suas(e) histórias. É a barraca de ervas medicinais que garante a cura para qualquer enfermidade, são os unguentos, as raízes, as flores que deixam no ar um cheiro gostoso de liberdade.

As barracas de frutas e legumes são verdadeiros espetáculos de cores. Quanta diversidade escondida em cada região desse país!
E a riqueza da nossa cerâmica produzida em maragogipinho, fruto da argila rica em óxido de ferro. Parece um milagre ver o barro  ganhar vida nas mãos de pessoas simples que transformam a tradição em  arte e sobrevivência.
E os repentistas! são precisos, de boa memória e raciocínio rápido, atração que não pode faltar nas Feiras do Nordeste.

O interessante é  que a medida que as horas vão passando, elas vão ganhando um novo ritmo e  se tornando mais barulhentas, daí a expressão "isso aqui parece uma feira".  É o lugar que todo mundo fala, todo mundo participa, todo mundo se sente parte do lugar. Até hoje a única feira que conheci, que não fez jus ao nome, foi uma Feira na Suiça na cidade de Lausanne. Que  gente mais educada! Quando alguém sem querer esbarrava na gente, prontamente dizia: pardon, pardon.! O silêncio só foi quebrado por uma magnifica orquestra que se apresentou no local. Adorei, mas ainda  prefiro as  nossas, são mais divertidas.

Quando falo de Feira me vem a memória uma lembrança adolescente: sempre que tinha férias do trabalho,eu e minha irmã  pegávamos um ônibus e íamos  até Feira de Santana, município vizinho à Salvador. Lá sempre na segunda-feira(não sei se ainda é assim) tem uma imensa Feira livre onde aparece gente de tudo quanto é lugar. É pitoresca e cheia de atrações inusitadas.

Elas sempre me surpreendem! Certa vez, na feira de São Joaquim, andando por aqueles labirintos a procura de especiarias, me deparei com Marcos Palmeira, grande ator brasileiro. Fiquei tão paralisada, que só consegui retribuir o belo sorriso que ele me deu. Fui incapaz de pedir que pousasse para uma foto, tenho receio de incomodar os artistas, mas confesso que meu lado tiete foi cutucado. Morri  de vontade, mas não tive coragem, foi uma pena!

Feira não é só lugar de consumo: é troca, compartilhamento, amizade,  lazer para muitos, meio de vida para tantos. É tradição que persiste! Adoro ficar observando o vai e vem das pessoas, o buchicho, a pechincha, a relação de amizade que se estabelece entre vendedores e o fregueses.
Quem deseja  conhecer a  alma e a  cultura de um povo convido a começar pela feira, é lá onde tudo se traduz.

                                Feira de São Joaquim- Bahia







                                                                      Peças de Maragogipinho- Bahia






                                                             
                                                                       Pintura Gerson lima









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