sábado, 14 de setembro de 2013

CULTURA - Os últimos soldados da guerra fria

Os últimos soldados da guerra fria vai muito  além de um belo romance de espionagem. Trata-se da história real dos agentes secretos infiltrados por Cuba em organizações de extrema direita dos Estados Unidos, cujo objetivo era colher informações na tentativa  de evitar ataques à Ilha, assim como jogar pragas nas lavouras cubanas, interferir nas transmissões da torre de controle dos aeroportos de Havana, sequestro de aviões que transportavam turistas, atentados a bomba em seus melhores hotéis, etc.

Além das dificuldades provocadas pelo bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, durante 05 anos Cuba foi vítima de 127 ataques terroristas.

Com a maestria de sempre, Fernando Morais mostra como se faz um jornalismo de primeira qualidade e rigor investigativo. A obra é fruto de muitas pesquisas e entrevistas realizadas durante as mais de vinte viagens realizadas à  Cuba, México e Estados Unidos.

Em tempos de médicos cubanos no Brasil e a visível falta de conhecimento da sociedade brasileira a respeito desse pequeno país, essa leitura prazerosa dará ao leitor a oportunidade de conhecer e entender a verdadeira história de Cuba. E se quiser aprofundar mais um bocadinho, recomendo a leitura de A Ilha, também do mesmo autor. Boa leitura!





sábado, 7 de setembro de 2013

CULTURA - O Segredo de Frida Kahlo



Pra quem curte a obra de Frida Kahlo e gosta de  gastronomia certamente vai se deliciar com o livro do escritor mexicano Franscisco Haghenbeck. Nele descobri mais um segredo de Frida. Ela cozinhava! 
Em meio a ficção e realidade, ele nos remete um pouco à rica cultura mexicana e à culinária na vida dessa grande artista.

Frida foi uma mulher a frente do seu tempo e uma personagem marcante da história do México.
Apaixonada pelo seu país, patriota declarada,comunista e revolucionária, a primeira pintora mexicana que teve um dos seus quadros exposto no Museu do Louvre.
Sua vida foi pautada por muito sofrimento e superações que ela sabiamente  transformou em arte. Toda sua obra constituída em sua maioria por autoretratos reflete essa condição.

A leitura será uma viagem através do "livro da erva Santa", uma coleção de receitas culinárias para preparar a oferenda do dia dos mortos. Através dele, a história se desenrola relatando um pouco da vida dessa mulher inteligente, determinada, sedutora, forte, mas acima de tudo frágil diante do sentimento que alimentava pelo grande amor da sua vida, o seu Diego Rivera.
Há também  um filme biográfico de Frida de 2002, que ainda não assisti, mas já está anotado na minha lista.




Rosa

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

REDE - Símbolo da folclórica preguiça baiana


A cada dia fico mais convencida de que não criamos nada, tudo está a nossa disposição no universo e a nós cabe somente a sensibilidade e disposição para sermos intermediários entre esse tudo e o mundo que nos rodeia.
Vai de um simples artigo como esse que escrevo, uma bela canção ou até mesmo as grandes descobertas saídas do "acaso".
Hoje mesmo aconteceu algo interessante: estava me preparando para ler o livro 1968 de Zuenir Ventura, mas o caos estava instalado na minha casa, pois era o tão necessário e fatídico dia da faxina.
O único local onde poderia ter um pouco de paz, seria no meu quarto, onde concluí que não havia uma cadeira confortável, apenas uma rede na varanda. Nessa hora senti a falta de uma velha cadeira de balanço onde costumava amamentar meus filhos e que passei adiante quando mudei para a nova casa.




Foi aí que me chamou atenção o fato de não gostar de dormir, sentar ou relaxar em redes. Adoro esse mobiliário do cotidiano nordestino, mas apenas como objeto de decoração. Dormir ou relaxar em rede me provoca um tremendo mal estar: sinto preguiça, indisposição a cabeça fica pesada e a sensação de cansaço toma conta do meu  corpo. Me questionei como o Ceará é um grande exportador de redes e quando se fala no assunto, ela está sempre associada a folclórica preguiça baiana. Quem nunca viu a imagem de um baiano deitado em uma rede e com um coco na mão?
Diante do questionamento, pensei em escrever um texto sobre o tema após a leitura do livro.
Enquanto a faxina rolava no meu quarto, resolvi dá uma olhada no facebook e me deparei com um belo artigo enviado por um amigo a respeito do mito da preguiça baiana. Ao ler o texto tive uma bela surpresa: o nosso saudoso Dorival Caymmi em 1957 fez um comercial de rum, onde aparecia tocando violão aboletado numa rede.O interessante  é que segundo a sua neta Stella Caymmi, o grande artista baiano nunca gostou de redes, apreciava sim, cadeiras de balanço.



Fala-se que ela é mais antiga do que a gente imagina, mas o seu reconhecimento mesmo aconteceu através da carta de Pero Vaz de Caminha quando os portugueses  aportaram em Porto Seguro e o uso da rede em lugar de cama, foi adotado pelos colonizadores como o meio mais confortável para dormir em dias quentes.
No século XVIII as mulheres eram carregadas por escravos em cadeiras com formato de redes, além de doentes e feridos.









Já na década de 60 durante a guerra civil americana, a exportação de algodão ficou interrompida e o Brasil passou a ser um grande produtor de algodão e aí se deu o início da industrialização quando surgiram as fábricas de redes no nordeste.





Em áreas rurais do país principalmente no nordeste, em  populações mais pobres com famílias numerosas, as camas eram trocadas por redes, essa era a forma de minimizar o calor e aproveitar melhor os espaços das pequenas casas.
A  rede também tinha e talvez ainda tenha grande utilidade nos funerais dos sertões nordestino e no norte do país. Dois homens passam uma vara por dentro da rede, passos ritmados, rezas e canções, carregam no ombro o morto que enfim vai ter a parte da terra que lhe cabe. Essa cena comovente pode ser vista no musical Morte e Vida Severina, produzido pela TV Globo em 1981, com Tânia Alves, Zé Dumont e Elba Ramalho, versos de João Cabral de Melo Neto  e música de Chico Buarque.
Enfim, o uso da rede vai muito além de símbolo da folclórica  preguiça baiana.


                                             





                                                                   

                                                           





domingo, 25 de agosto de 2013

PRAIA DO FORTE - Paraíso na Bahia


Na década de 80 no auge da minha solteirice, fui frequentadora assídua de Praia do Forte quando esta ainda era uma  pequena Vila de pescadores.
Eram  casinhas simples, alguns modestos restaurantes, em especial o Boca Piu, onde era servido o melhor bolinho de peixe de Praia do Forte.

Existia também um camping, muito bem cuidado, bem estruturado e com regras claras de boa conduta e convivência onde eu e minha turma  frequentávamos, pois quase  não havia pousadas.
Além da hospitalidade, existia um quê de modernidade e uma organização naquele lugar.
Era visível a presença de estrangeiros e a  total interação com os nativos. Aquilo nos chamou a atenção!
Após alguns meses frequentando a Vila, descobrimos que a Fazenda Praia do Forte tinha sido adquirida por um paulistano descendente de alemães de nome Klaus Peters, com o objetivo de ser preservada e mantida através do desenvolvimento sustentável.
Diante do sonho, e do trabalho desenvolvido por aquele quase estrangeiro,e para a sorte daquela comunidade, Klaus, transformou a Vila no que ela é hoje, através da educação, cidadania e respeito à natureza .

Além  de construir um grande hotel com o menor dano ecológico possível, ele transformou  a  Vila em um lugar turístico protegido por leis ambientais e preservou o que havia ali de mais precioso: os seus moradores. É por essas e tantas outras coisas, que o lugar cresceu, apareceu, mas não perdeu sua essência, acho que é esse o segredo de Praia do Forte!

Lá também fica a Sede Nacional do projeto Tamar, que foi criado com o objetivo de salvar e proteger as  populações das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem na costa brasileira, principalmente no Nordeste.

   DIVERSÃO

Após percorremos a  avenida principal da Vila, nos deparamos com esse maravilhoso cenário: o mar, a  igrejinha e o projeto Tamar!











                                                          Projeto Tamar















CONVIVÊNCIA

Durante a travessia da avenida, podemos conferir o charme das inúmeras lojinhas e restaurantes que compõem o cenário do comércio da Vila. O interessante é que entre uma loja e outra, é possível sentir o aconchego de uma modesta casa.















      Aí está a escola municipal. Como é bom ver as crianças felizes e bem cuidadas!


                                   
     Meios de transporte pra quem não quer andar a pé. Lá também tem Tuc Tuc.









               
     
O charme dos condomínios





    
                             
                       






TRADIÇÃO

Mata de São João, onde está localizada Praia do Forte, foi o primeiro município brasileiro a desenvolver o Projeto Integração da Produção Associada ao Turismo, pelas atividades que realiza através do turismo com a produção local. Um exemplo é o "Mão no Tacho". Nessa pequena casa localizada no centro da Vila, é possível o turista conhecer uma legítima casa de farinha. Ali sete comunidades da região se revezam toda semana, e preparam na hora, beijus de diversos sabores. Eles também comercializam farinha, doces, mel e outros produtos de comunidades locais.


ARTE

Na Vila de Diogo, próxima a Praia do Forte, estão as ",Mulheres da Mata". É o projeto das trançadeiras de palha de piaçava, que herdaram das índias tupinambás a arte de produzir cestas, abanos, esteiras e diversos utensílios. Em praia do Forte elas comercializam bolsas maravilhosas para deleite das turistas.


Processo de escolha das palhas, tingimento, trançado e confecção das bolsas.
É uma atividade bastante trabalhosa, mas compensadora!






As fotos acima foram extraídas do Blog Bahia Adventure -Ecoturismo



Barraquinhas localizadas no Centro comercial  de Praia do Forte

O melhor de tudo: não há trânsito de carros ao longo da avenida. Existem estacionamentos para veículos em lugares apropriados.


                       
                                   











               








HISTÓRIA


Praia do Forte também guarda um pedaço da nossa história do Brasil. Lá se encontram as ruínas do Castelo Garcia D'avila. 
Considerada a primeira edificação portuguesa (1551) de arquitetura residencial militar no Brasil, o Castelo é um significativo monumento do Patrimônio Histórico Nacional. Suas majestosas ruínas apresentam características medievais, sendo a única construção do gênero em toda a América.

Castelo Garcia D'Avila











   




                               

                             











                                                                        




                Há  diversos empreendimentos no ramo da hotelaria de luxo. Há também  charmosas pousadas para todos os bolsos e gostos.



POUSADAS




Hotel Tívoli










Hotel Ibero Star







Bem, esse lugar mágico ainda possui uma infinidade de coisas pra se desfrutar a exemplo dos passeios ecológicos, esportes radicais, eventos musicais, festas populares da Vila, eventos de gastronomia, shows com artistas nacionais, enfim, é o lugar pra qualquer pessoa que pensa em bem estar e quer  interagir com novas culturas.
Mas o que gosto mesmo de fazer, é no final da tarde quando o sol dá os primeiros sinais de  recolhimento, sentar-me num dos bancos da pracinha e contemplar a vida que segue calma no cotidiano da Vila.
É a mãe que pega a criança na escola; a senhora que fica na janela olhando o movimento das ruas; as" mulheres da mata"  que estão ali todos os dias trançando suas palhas coloridas e transformando arte em meio de vida; é o grupo de idosos em mais um encontro para uma prosa com os amigos; é o beiju gostoso da casa da farinha; é gente que chega; é gente que sai; é o burburinho dos turistas ávidos em conhecer tudo. Enfim é uma verdadeira viagem no tempo. Aquele tempo  em que a vida seguia sem pressa!